No seu trabalho o professor do ISCTE e investigador Gustavo Cardoso destaca os modelos comunicacionais e a sociedade de informação como agentes essenciais na passagem de uma comunicação de massa para uma comunicação em rede. Tendo-nos sido proposto que analisássemos este seu trabalho numa apresentação oral na cadeira de Comunicação Digital, começámos por referir que os últimos 15 anos foram sem dúvida de forte mudança no panorama tecnológico. Estas mudanças revelaram-se não só ao nível da inovação tecnológica, como também ao nível dos novos meios de comunicação e dos novos processos de mediação. Segundo Cardoso, o principal motivo para que tantos e tantos investigadores dedicam grande parte do seu tempo ao estudo do processo de modelação social e cultural deve-se à centralidade e ao poder que os media desempenham na nossa sociedade. Um desses autores é o sociólogo espanhol Manuel Castells que distingue duas dimensões cruciais para compreender o sistema dos media: a organização em rede da sociedade e o processo de auto comunicação de massa. No entanto, não nos podemos esquecer de abordar os diferentes modelos comunicacionais e desta forma é neste ponto que se coloca a questão principal: existe ainda uma comunicação em massa ou chegámos a um novo patamar de comunicação em rede?
Para responder a esta questão é impossível não referir o papel da Internet, que é quem no fundo está na base desta rede, tendo como precioso auxiliar a nova era dos aparelhos convergentes cujo sucesso e utilidade o autor acaba no entanto por questionar. Certo é, que é a própria análise teórica das nossas escolhas que individualiza os media, uma vez que enquanto seres sociais não usamos apenas um único media, mas sim combinamo-los entre si, usando-os em rede.
Todo este processo tem como pano de fundo a globalização comunicacional do século XX e todo o seu panorama de desenvolvimento, desde a função inicial dos media e de quem trabalha com eles até à sua função na actualidade. Tudo isto nos remete para o papel activo que hoje desempenhamos na sociedade participando no espaço público e sendo criadores de opinião enquanto utilizadores-inovadores.
Todas as sociedades são assim caracterizadas por modelos de comunicação e não apenas por modelos informacionais, e não importa de que forma, mas todos nós enquanto utilizadores lidamos diariamente com pelo menos um meio de comunicação.
Destaquemos então a ideia de que já ultrapassámos o modelo de comunicação interpessoal em que a informação passava de boca em boca, o modelo de comunicação de “um-para-muitos” na era inicial da imprensa e, à partida, tudo indica que estamos agora também a ultrapassar o modelo de comunicação em massa sob a existência de um quarto modelo que podemos apelidar de comunicação em rede.
Esperemos então pela valiosa opinião de mais estudiosos da comunicação, no entanto, podemos acrescentar que considerando a hipótese da sua existência, este quarto possível modelo comunicacional certamente não substituirá os outros três, mas pelo contrário irá articulá-los.
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